Connect with us

Noticias

COP30 e a crise civilizacional: reflexões para um futuro não tão distante assim

Publicado a

em

Uma ocasião histórica para colocarmos na mesa um futuro verdadeiramente humano, sustentável e viável

Por Marcelo Souza
Presidente do INEC – Instituto Nacional de Economia Circular

Neste ano, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) será realizada pela primeira vez no Brasil, em Belém do Pará.

Sem dúvidas, trata-se de um momento histórico e também profundamente simbólico. Além de marcar os 10 anos do Acordo de Paris e os 33 anos da ECO-92, a conferência acontecerá na Amazônia brasileira — um território representativo, que por si só já carrega significados profundos para o debate climático.

Para além da ocasião especial — e dos fatores que a cercam —, é necessário ter em mente que o momento é crítico. Enfrentamos uma crise civilizacional que abrange aspectos econômicos, políticos, culturais e ambientais — sendo este último debatido com profundidade e exaustão ao longo das edições da COP.

A crise civilizacional refere-se a uma instabilidade profunda e complexa que afeta a vida na Terra e nos obriga a refletir — e a questionar — os fundamentos da civilização moderna, especialmente no que diz respeito ao modelo de produção capitalista.

O conceito

A expressão “crise civilizacional” surgiu no século XX, sendo utilizada por diversos pensadores para descrever a sensação de colapso iminente das estruturas sociais e econômicas estabelecidas. Suas raízes remontam à Revolução Industrial, que transformou radicalmente nossa relação com os recursos naturais, e ao período pós-guerra, que inaugurou a era do consumo acelerado.

Seria ingênuo negar que a Revolução Industrial trouxe avanços tecnológicos significativos — assim como seria simplista ignorar que esse período marcou o início da exploração intensiva dos recursos do planeta. Já no pós-guerra, consolidou-se um modelo econômico baseado no consumo desenfreado e na degradação ambiental.

A crise civilizacional se manifesta em problemas como o esgotamento dos recursos naturais, a desigualdade social, a ausência de soluções efetivas para a crise climática e a necessidade urgente de um novo paradigma para pensar o futuro.

Exemplos globais dessa instabilidade incluem a guerra na Ucrânia, que provocou uma das maiores crises de refugiados dos tempos modernos, além de outros conflitos armados, como os enfrentamentos em Gaza, na Síria e em Nagorno-Karabakh.

A pandemia de COVID-19 também causou impactos severos em todas as esferas da sociedade. E, além disso, estamos vivenciando — e sentindo na pele — os eventos climáticos extremos, como incêndios e inundações, que se tornaram cada vez mais frequentes.

Cada um desses episódios ilustra, em maior ou menor grau, como a crise civilizacional é uma combinação de diversas crises interconectadas que comprometem a estabilidade global.

Entre conflitos e desastres, a urgência da ação climática

É neste cenário, repleto de instabilidades — tanto nacionais quanto internacionais —, que o mundo se reunirá para a COP30, em solo brasileiro.

No aspecto organizacional, Belém enfrenta desafios significativos, como a infraestrutura ainda insuficiente para receber os cerca de 50 mil visitantes esperados. Será necessário dobrar a capacidade hoteleira da cidade e recorrer à utilização de navios de cruzeiro como hotéis flutuantes.

Mas é justificável gastar milhões de reais com estruturas temporárias, como a locação de navios, enquanto o Brasil ainda possui cerca de 2,5 mil lixões a céu aberto?

Cerca de 33 milhões de toneladas de lixo ainda são descartadas de forma irregular — o que representa 43% de todo o lixo gerado no país. Soma-se a isso a precariedade nos sistemas de transporte e logística da cidade-sede, que também precisarão ser resolvidos antes do evento.

Esses desafios levantam uma questão pertinente: é coerente realizar um evento dessa magnitude em um país que ainda enfrenta problemas estruturais tão profundos?

A COP30 e as contradições de um mundo em crise

Faz sentido realizar uma COP no Brasil? A provocação nos leva a refletir sobre a necessidade de uma transição urgente para um sistema econômico mais justo e sustentável, que considere as necessidades das pessoas e os limites da natureza.

Diversos pensadores afirmam que a crise da humanidade está profundamente ligada à ausência de lideranças eficazes e à urgência de uma nova abordagem para lidar com os desafios sociais, econômicos, políticos e ambientais.

Mas e se colocarmos alternativas na mesa? A saída pode estar em movimentos que promovam justiça social, equidade e sustentabilidade — construindo um futuro mais equilibrado para todos.

No Brasil, a crise civilizacional se evidencia em múltiplos aspectos:

  • Ambiental: com eventos extremos, como inundações históricas e incêndios recordes na Amazônia e no Pantanal;

  • Econômico: refletido na desigualdade social e na concentração de renda;

  • Político: marcado por corrupção, baixa representatividade e crise institucional;

  • Cultural: pela perda de valores coletivos e fragmentação da identidade nacional.

Um desafio multifacetado exige soluções integradas e inovadoras

Um conceito importante relacionado à crise civilizacional é o Dia de Sobrecarga da Terra, data em que a demanda humana por recursos ultrapassa a capacidade do planeta de regenerá-los naquele ano.

Em 2024, o Dia de Sobrecarga ocorreu em 1º de agosto. Já em 2025, a União Europeia atingiu essa marca alarmante em 28 de abril — um sinal claro da urgência de repensarmos nosso modelo de desenvolvimento.

Fechar os olhos para esse indicador é ignorar um dos alertas mais contundentes de que estamos vivendo além dos limites do nosso planeta.

A crise civilizacional exige uma revisão profunda dos valores e estruturas que sustentam a sociedade moderna.

Mesmo diante de tantas complexidades, a COP30 representa uma oportunidade para o Brasil assumir protagonismo nas discussões ambientais globais — mas também reforça a necessidade de resolver seus próprios desafios internos.

A transição para um modelo econômico mais justo e sustentável, o pensamento decolonial e o investimento em educação são fundamentais para superar essa crise.

Nesse cenário, a economia circular surge como um caminho urgente. Ela propõe o abandono do modelo linear tradicional — “extrair, produzir, descartar” — e a adoção de práticas que eliminem o desperdício e regenerem os recursos naturais.

Esse novo modelo promove o compartilhamento, a reutilização, a remanufatura e a reciclagem, prolongando a vida útil dos produtos e reinserindo materiais nas cadeias produtivas, com menor impacto ambiental.

Adotar a economia circular não é apenas uma opção — é uma necessidade para garantir um futuro sustentável e resiliente.


Sobre o autor:

Marcelo Souza é especialista e palestrante em Economia Circular, químico e engenheiro de produção e mecânica. Possui MBA Internacional em Administração pela FGV, MBA pelo Instituto Universitário de Lisboa, pós-MBA em Tendências e Inovação e Formação de Conselheiro de Administração pela Inova Business School. É mestre em Administração pelo Instituto Universitário de Lisboa, com especializações em Transformação Digital pelo MIT e em Economia Circular pela Universidade de Berkeley Extension.

CEO da Indústria Fox – Economia Circular e suas subsidiárias, é presidente do Conselho de Administração da Ilumi Materiais Elétricos, conselheiro e diretor de Meio Ambiente do CIESP – Regional Jundiaí, e membro do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Fiesp.

Professor da PUC-Campinas, é membro da Coalizão Empresarial por um Tratado dos Plásticos e presidente do INEC – Instituto Nacional de Economia Circular. É autor de três livros e acaba de lançar a antologia Reciclagem de A a Z, reunindo conhecimentos de especialistas em economia circular e reciclagem.

*As informações contidas neste texto são de responsabilidade dos colunistas e não expressam necessariamente a opinião deste portal.

**É expressamente proibido cópia, reprodução parcial, reprografia, fotocópia ou qualquer forma de extração de informações do site ZoomDaFama sem prévia autorização por escrito, mesmo citando a fonte. Cabível de processo jurídico por cópia e uso indevido, esse conteúdo pode conter IA.

Fique por dentro!

Para ficar por dentro de tudo sobre o universo dos famosos e do entretenimento siga o ZoomDaFama no Instagram.

Continue Lendo
Entretenimento11 horas atrás

Influenciador Gordão da XJ celebra perda de 115 kg e anuncia cirurgia bariátrica

Noticias17 horas atrás

Julliany Souza recebe nomeação ao Grammy Latino por “A Maior Honra”

Carnaval RJ3 dias atrás

Virgínia Fonseca é coroada Rainha de Bateria da Grande Rio em noite de emoção

Famosos4 dias atrás

Faustão leva filha Lara Silva ao altar em casamento intimista com Julinho Casares em São Paulo

Noticias4 dias atrás

Petrópolis recebeu a estreia do Comer & Beber Experience

Entretenimento5 dias atrás

Seara e Moana Hub: Uma Parceria de Sabor e Influência no The Town

Famosos5 dias atrás

Carol Peixinho e Thiaguinho celebram nascimento do primeiro filho, Bento

Diversos5 dias atrás

Influenciadores migram para o Varejo Chip, nova telefonia que promete transformar o setor

Entretenimento6 dias atrás

De “Mina Sensação” à autora: Kelinha mostra que o Sertão também escreve histórias

Famosos6 dias atrás

Jade Magalhães prepara batizado da filha Serena com Luan Santana em clima especial

Famosos6 dias atrás

Simone Mendes emociona ao ensinar filho sobre privilégios em dinâmica com a família

Noticias1 semana atrás

Polícia Civil investiga casa de apostas e cumpre mandados em Pompéu (MG)

Entretenimento1 semana atrás

Disrupsom e Warner Chappell selam parceria e lançam editora

A Fazenda1 semana atrás

Viih Tube dá conselhos ao pai, Fabiano Moraes antes de “A Fazenda 17” e revela expectativa

Noticias1 semana atrás

Tyrone Azevedo lança projeto grandioso e relembra trajetória da infância humilde ao estrelato

Mais Lidas

© Todos os direitos reservados.